competência + perseverança


Esta mensagem, eu mandei para meus amigos pelo Orkut em 21 de julho de 2006.

competência + perseverança

Estava agora a pouco, lavando meus tênis, observando uma tela de 8 reais, cheia de manchas de tinta acrílica e pensando na vida. E como eu fiz para entrar no hall dos quase dois mil dispensados do Programa Escola da Família.Gostaria de mandar sempre boas novas, dizer que está tudo bem, mas toda vez, toda mísera vez que paro para pensar na minha vida, eu fico mal.Fiquei analisando cada passo meu, ao longo de minha vida profissional e logo vi, que sou um fracasso. Ao contrário do que pensam algumas pessoas, minha carteira de trabalho e minha vida profissional como um todo, não é cheia de carimbos por ser uma pessoa aventureira ou que enjoa rápido das coisas, foi por pura incompetência. Afinal, eu sou incompetente até mesmo para tirar as manchas das minhas meias; quem dirá na minha vida profissional. Ora desatento, ora “amigável demais”. Acho que já ouvi todas as dispensas imagináveis. E não dava a mínima. Mas, agora vejo o porque de não dar a mínima. Eu tinha retaguarda. Podia ser dispensado de qualquer trabalho, afinal, chegava em casa, a comida estava pronta; meu pai manteria-me por mais alguns meses até eu arrumar outra forma de ganhar dinheiro; ou buscaria formas “menos lícitas” de levantar algum. E esta é minha história profissional durante a maior parte de minha vida (tudo bem, que as formas mais constantes de arrumar dinheiro, realmente eram as “menos ilícitas”). Mas, a cada dia que passa (hoje 2.5, amanhã, ‘trintando’), mais e mais, vejo o quanto isso me fazia ainda mais superficial (vide outras esferas da vida), e o quanto isso me prejudicou e prejudica até hoje. ‘Você é novo’ – você diz. Mas, tempo perdido, nunca mais é encontrado. E o pior, é que as perspectivas não são as melhores.Realmente, julho sempre foi para mim o mês da depressão. Eu já tomei meu remedinho, tô pronto pra fazer naninha. Mas, eu já não sou mais criança; não culpo mais o sistema ou outras pessoas pelos meus problemas. Eu só posso culpar a mim mesmo pelas minhas escolhas e pelo meu caminho. Afinal, sou o Fera, não sou? Falando em Fera, eu acho que grande parte do problema reside na questão de quem sou. Fiquei realmente abismado com a mudança das pessoas por verem sua imagem reproduzida de alguma forma. O grande assunto do mês, aqui em Cesário, foi o fato de eu ter aparecido em uma revista de circulação regional. Grande coisa! Parece até que eu salvei a mãe de alguém.Mas, têm coisas que eu comecei a entender agora; só agora que estou alcançando a grande benção que alguns chamam de maturidade. Outras não. Eu estava pensando no porquê de odiar e ser odiado. Biologicamente falando, o nosso cérebro cria determinadas reações hostis para com as pessoas que nos ameaçam de alguma forma. As pessoas que eu odeio são mais competentes que eu. De alguma forma. O Ronaldo, tinha um emprego estável, tão logo saiu, arruma outro. O Júlio, mais novo do que eu, na época que ele aprontou comigo e que eu queria (quero, quero, quero e a Mireille não deixa!) explodir a cabeça dele, eu trabalhava na Sabrina Jóias e, bingo! Ele era responsável por um setor. E ficar pensando nestas coisas, faz passar um pouco o ódio que sinto destes e de muitos outros elementos. Mas, também me faz pensar no quanto sou incompetente em fazer até o trabalho mais simples. Todos os lugares que trabalhei, sempre fiz um puta cagada e, puf! Pé na bunda. Analisando bem, odeio trabalhar. Existe alguém que gosta? Hoje, como professor, sou uma fiasco (no máximo, um carinha legal que algumas pessoas gostam, e só). Sei que tenho potencial para muito mais, mas, não sei qual é o botão de on desta função. É verdade, que faço parte de uma gama seleta de pessoas que olha para os alunos e fica pensando no futuro delas (até mesmo, já chorei em sala pensando nisto); eu realmente me preocupo com a falta de sonhos e perspectivas destes jovens. Quando eu lutava, todos falavam que eu era um prodígio. Balela! Nunca quis participar de um campeonato e não vi um futuro naquilo. Como artista plástico, blerg! Basta olhar minhas telas, sempre com cara de aluno; nunca me senti tão bem quanto no momento em que termino estas porcarias. O meu quadro mais legal, era uma releitura (na verdade, uma reprodução, mas a m... de professora fala que é estudo... Odeio releitura!), que eu tomei um rumo totalmente diferente, e recebi uma baita orientação do Jaime (Ave, mestre!). Pessoa esta, que juntamente com alguns pouquíssimos mortais, acredita em meu potencial (todas mais do que eu, óbvio), e me disse certa vez por e-mail, que estas crises são normais a quem pensa. Fantasia pouco quem pensou em Van Gogh (hahaha, sem graça). ‘Você poderia trabalhar com desenho, com este talento’ – parei de contar quantas vezes eu já ouvi isto. Se eu tivesse a metade do talento que as pessoas dizem, talvez até poderia mesmo. Os meus desenhos servem, no máximo, para que eu já faço: apreciação própria. Algumas pessoas diziam para que eu fizesse como aqueles caras que desenham retratos na Praça da República. Grande perspectiva, não? Não, não estou desmerecendo ninguém. Todos os que eu vi por lá, desenvolvem trabalhos maravilhosos, mas, acho que nenhum deles gostaria de estar por lá. E outra, com a minha velocidade toda para produzir, é bem capaz de todo mundo ir lá para dormir. Em desenho, o Deivid, Jorge ou Bruno, são bem mais capazes que eu. Será que aquele meu lema de que nós fazemos nossas próprias oportunidades, não envelheceu a ponto de parecer trecho de livro de auto-ajuda? Talvez, minha salvação more na argila, que eu tanto adoro, certo? Errado. Como tudo na vida, toda vez que eu começo a me descobrir em algo, imediatamente aparece alguém que faz melhor do que eu. Dias atrás, conheci um cara no Orkut que está fazendo um Batman de um metro, perfeito! Na televisão, no mesmo dia, estava passando no Fantástico uma matéria sobre problemas de coluna e passou um cara modelando, mulheres em tamanho real e sem modelo. Meu mundo caiu por terra. Ou barro.O que eu vou fazer da minha vida, então? Vou ser pago para estudar, escrever, ou para cantar? Meus poemas são uma droga, como dramaturgo sou um bom encanador e até eu passei a odiar minha voz. Os dois últimos, ainda tentei insistir um pouco após minha mudança para o interior, mas o bom senso chegou... Tudo era tão simples antes. Ficar desenhando, na mesa da garagem, vendo algumas pessoas passarem pela madrugada afora, era como um emprego. Um vício, mas sem salário. Minha mesa redonda de plástico do meu escritório cheio de plantas e com um carro para assistir meu magnífico trabalho.Sorte que tenho namorada, senão nem mulher olhava pra mim.Estou ficando com marcas de expressão, calvo, tem um monte de manchas e pintas em meu rosto (totalmente diferente das de “branco”; em tempo, estas pintas, em algumas regiões da África, são muito valorizadas, pois acredita-se que surja uma para cada grande feito da pessoa), marcas pelo corpo feitas pela ‘maravilhosa’ herança que meus tempos de “doidão” deixaram, a maravilhosa memória que a auto-queima de neurônios me deu, e sequer conseguirei ter o físico que já tive um dia! (Super importante, não?)Go-go-boy não dá, afinal, se eu tivesse mais estrias, seria uma teia de aranha e não uma pessoa.Mas, o importante que estou vivo. Deixei de pensar as besteiras que pensava antes. Tenho algumas pessoas que se preocupam comigo (mas, meu orgulho não deixa que elas me ajudem). Uma vez, um grande amigo meu, irmão mesmo, falou que tinha conversado com outra pessoa que considero como irmã, grande amiga, que eu era um cara legal, só teria que ser menos dependente de meus pais. Hello, dear! Somos independentes, man! Mas, eu gostaria de ser mais. Não sei exatamente o quê. Mas, gostaria de ser maior, como nunca fui. E luto todo santo dia para me descobrir. Fazer algo que importe. Parece besteira, mas meu grande sonho é exatamente este. Fazer algo que me torne imortal.

Porque me chamam de Fera...



Este é um dos meus antigos manifestos, mas que eu acho relevante para quem não me conhece.

Sempre fui uma pessoa de muitos nomes. Meus pais colocaram-me o nome de Fernando César Oliveira de Carvalho. Um belo nome. Fernando significa guerreiro. César já serviu para denominar os antigos imperadores romanos. Guerreiro imperador, ou Imperador Guerreiro; tanto faz. Um imperador que consegue seu posto através da luta, ou que simplesmente defende seus valores com o punho. Bonito; mas, irreal.
Somente em meu círculo familiar sou constantemente chamado de Fernando César. Tios, tias, minha avó e meus primos que costumam me chamar assim.
É óbvio, que sou chamado de Fernando, no dia a dia. Ou simplesmente, Fe; carinhosamente. Logicamente, que esta forma carinhosa de denominação, normalmente surge de bocas femininas. Amigas, confidentes, amantes...
Fefi; é como meus mais antigos e íntimos amigos me chamam. Um apelido surgido de outro. Fefé, como me chamavam em uma das minhas antigas escolas; Virgem do Pilar, na Vila Talarico. Era chamado de Fefé pelos meus amigos e amigas da oitava série, que pegavam ônibus comigo todos os dias; eu tinha apenas oito anos. Eles se espantavam com o “molequinho”, que tinha amizade com os motoristas de ônibus daquele horário; o Portuga, um gentil velhinho português. Fui na casa deste umas duas vezes, até ele se aposentar e se mudar para a Cohab 2, meu antigo bairro. O Jacaré; um nordestino super-figura. O José, o Eduardinho... Sentava-me sempre sobre o motor do ônibus - naquele tampão – e ia durante a viagem, conversando com o motorista do ônibus, com o cobrador e com os alunos da escola. Curtia muito pegar aquele ônibus, porque no ônibus particular da escola, só tinha filhinhos de papai. Logo que eu cheguei à primeira série, falei para meu pai que já era homem e queria pegar ônibus público. Para provar a ele (já que ele se recusava a deixar eu pegar ônibus sozinho), peguei o mesmo ônibus que eu pegaria para ir à escola, e fui até a casa da minha avó; ali perto. Eu tinha sete anos. No ano seguinte, estava eu no transporte público; feliz da vida. Um dos alunos da escola falou que o tal “Fe-Fe-Fernando” era um menino inteligente. Dessa “gaguejada”, surgiu o apelido. Meus amigos da minha rua, achavam-me quieto demais. Toda vez que referiam-se à mim, falavam do “finado Fernando”. Logo, eu achei engraçado, e juntei as duas primeiras sílabas, e me apresentei ao Fú, o dono de um fliperama que ficava na minha rua, desta forma. Logo, todos adotaram. É talvez, o mais antigo apelido pelo qual ainda sou chamado. E fui eu que o criei! Logicamente, “as glórias” de tal criação, recaíram sobre o próprio Fú, sobre o Flávio e sobre o Duda; um vizinho que também estava ali, naquele momento.
Andréia, meu amor de infância, costumava chamar-me de Pimpão. Estávamos na Pré-Escola, e a Estrela havia lançado o tal de Ursinho Pimpão. Ela me achava parecido com ele. Acho que, deve ser por causa do “black-power” que era meu cabelo, quando criança. Eu não ligava; afinal de contas, era maluco por aquela japonesinha de cabelo curto.
Talvez, a mais misteriosa denominação que me deram na vida foi Manoel. Até hoje, não entendi muito bem porque me chamavam por esse nome. Meu amigo, Shibata ou Carlos José de Vasconcelos Júnior (Hahaha! E ele falava mal do meu nome!), que me colocou tal apelido. Ele nunca me contou o motivo. Mas, somente ele, os Marcelos e alguns amigos que iam à Praça Brasil, chamavam assim.
Durante um tempo, fui apaixonado por uma evangélica (nem era tão crente assim...), Luciana. Ela me chamava constantemente de Simão. Alguém lembra-se do macaquinho Simão?
Apelidos que surgem de bocas apaixonadas, geralmente, extremam o ridículo. Geninho, Lulé, Nuvemzinha (entendem agora, né?), Zé (pasmem!), Lorenzo... Mas, nenhum apelido vindo de alguém por quem eu tenha me apaixonado me tocava tanto como o que a Carbel havia me dado. Jonny.
Carbel é a irmã de um de meus melhores e mais antigos amigos, o Shibata. Ela durante muito tempo, gostou de mim sem dizer nada. Tinha medo do meu desprezo e da reação do irmão. Para falar sobre mim para as amigas, inventou esse nome. Tinha 12 anos e eu, 14. Ficamos juntos, namoramos escondido, ela brigou com a família, eu a traí no meu aniversário de 15 anos para não dar bandeira para o irmão dela. Não conseguia olhar para ela no dia seguinte. Nos cumprimentamos como amigos e ficamos assim até o dia dos namorados, no ano seguinte. Em que no meio de um telefonema da namorada do Shibata para a casa dele, eu peguei o telefone da mão dela e convidei a Carbel a ir ao antigo parque da Sabesp para conversar. Ficamos juntos novamente. Fui envolvido por um turbilhão de emoções adormecidas, ou apenas escondidas. A pedi em namoro. Com a sua negativa, se desencadeou uma porção de eventos; culminando na maior tristeza da minha vida. Ainda fico emocionado ao ver o recado que ela colocou na capa de um antigo caderno, quando ainda a inocência dela era o que me chamava mais a atenção. “Jonny; você é o cara mais bonito que existe. Se não ficarmos juntos nunca, quero que seja feliz. Da sua Bel.”
Mohammed Abdul foi o nome que adotei, por motivos religiosos. Na verdade, nem foi eu mesmo quem escolheu. Mas, ele não serve como uma negação de meu passado, muito menos, como uma bengala.
Mas, dos inúmeros nomes que me deram durante a vida, o que mais eu me identifico é Fera. Surgiu pela primeira vez quando eu tinha 11 anos. Todos me consideravam um privilegiado. O excesso de testosterona em meu organismo fez com que eu desenvolve-se um corpo incompatível com a minha idade. Era o único da “turminha” que tinha barba. Na verdade, só cavanhaque. Mas, já era um começo. Podia comprar cigarro, bebida, ir aos bailes, à antiga Toco, sem nunca ser barrado ou questionado por minha idade. Começaram as descobertas da vida de “adulto”. E a minha desconfiança e revolta contra o mundo. A psicóloga disse aos meus pais que era passageiro. Não passou até agora.
Logo, esse excesso de pêlos pelo meu corpo, serviu como ponte para uma comparação para o Fera dos X-Men. Muitos acham-me realmente parecido com o mesmo. Afinal, de negro para azul falta pouco (Nossa! Essa foi horrível!).
Mas, de forma geral, representa bem mais o que eu sou. Sempre fui mais o Fera, ou o Fefi, ou qualquer outro, do que o Fernando propriamente dito. Este, somente meus pais e parentes o conhecem. A totalidade do meu ser, poucos conhecem, muitos poucos. Pais e parentes, muito menos. Mas, não sinto de forma alguma, vontade de mostrar para eles o Fera. Prefiro que continuem a se orgulhar a cada conquista desse vagabundo que vos escreve, em vez de se sentirem fracos por não terem percebido e evitado muitas das coisas que considero como experiências da minha vida. Coisas que são importantes. Muitas vezes, desgraças. Mas que fazem parte do meu caminho e rumo neste mundo. O nome Fera significa cada momento deste. Encontra significado em minha revolta e indignação. Mostra a minha personalidade, tão forte, que esconde totalmente meus medos e inseguranças; e a minha inocência, que provoca raiva e indignação em alguns “adultos”, e desperta admiração e ternura nas pessoas que não deixam suas “crianças” morrerem. Mostra minha arte. Mostra como sou capaz de ser tão passivo, mas quando acuado, me torno feroz. Demonstra meu ódio pela ignorância da alma e indiferença da mente. Mostra porque me sinto como um lobo entre ovelhas, quando me encontro entre pessoas que apenas existem, e não procuram viver. Mostra como eu odeio; como eu amo. Mostra a todos quem eu sou.
Muito prazer, meu nome é Fernando; mas, meus amigos me chamam de Fera. Fera. Fera. Muito prazer!

Fiquem com Deus!