Estou aqui, tentando somente controlar minha respiração enquanto lembro um acontecimento do dia de hoje e de uma promessa feita há muito tempo atrás, e que por nada desse mundo eu vou quebrá-la. Bom, nada como ir ao início para que se obtenha algum entendimento.
Ontem, foi aniversário do meu irmão e o convidei para ir ao shopping Esplanada, dar uma volta. Dia agradável, demos algumas risadas e tudo correu bem. Inclusive, acabei fazendo o topframe do blog Desafio dos Contos, mas isso é outra história.
Hoje pela manhã, acordamos logo cedo e fomos caminhar pelo “mundão” em busca de casas para alugarmos (visto que cada um segue um rumo e iniciamos uma nova fase de nossas vidas) e nos deparamos com a irrealidade de um mundo imobiliário aflito com a “crise mundial”. Depois de andarmos quatro horas e de eu ter trocado minhas luvas de musculação que havia comprado em uma loja próxima de casa (não sei como, veio com duas luvas direitas – uma GG e outra PP), voltamos para nosso humilde apartamento para almoçar. Tive um dia normal com afazeres domésticos e todo o resto – em suma, monótono. Mas, ainda não havia terminado. Não senhor! Eis que, já ao final da noite, eu escuto uma frase em resposta a outra da televisão, mais precisamente da personagem Maysa, da minissérie homônima: “... sou contra as leis, contra a ordem. Eu sou uma contestadora!” – “E acha que está certa.”
Neste momento, apesar do tremor de minha pálpebra, eu me contenho. “Sim, eu acho!” – pensei. Veio-me à mente diversas outras oportunidades, que ao decorrer de 2008 eu fiz exatamente a mesma coisa e me calei. “Durante todo este ano, eu aprendi o valor de me calar. Aprendi porque chamamos ‘meus pensamentos’ e ‘minhas opiniões’ de ‘meus’ e ‘minhas’; é porque devemos guardá-los para nós mesmos.” – disse certa vez, sendo respondido com “Ah, mas devemos externar o que pensamos, pois em algum momento não agüentamos mais e explodimos”, e eu respondi prontamente: “Não, não explodirei. Porque se eu dissesse tudo o que já passou pela minha cabeça, eu teria sorte se hoje, você e sua família, estivessem olhando na minha cara!”. E não posso dizer que mudei meu pensamento.
Fui embora com uma lágrima escorrendo no rosto, não de tristeza ou raiva, mas de felicidade. Felicidade por ter estes momentos, por estar vivendo cada um deles e me lembrando de quem eu realmente sou, e o preço que estou pagando. Lembrando-me do júbilo que senti ao ver a expressão de espanto no rosto de meu primo Dudu, ao ouvir de outro primo meu (Felipe) uma das diversas histórias do “meu passado sombrio e escondido”. Do prazer que sentia ao transgredir, ora grafitando, ora esmurrando alguma desavença. Do mesmo prazer que sentia ao ver o olhar de descrédito pelas minhas “idéias absurdas”, ou o olhar encantado e receoso ao dançar alucinadamente nos locais que freqüentava, ou ainda, da descrição de um amigo meu para o meu primo Felipe de outra oportunidade em que eu me “meti em confusão”, que espantado ouvia a descrição quase poética da cena de uma briga de bar, sob a luz de um estrobe e música alucinante, em movimentos cortados pelo apagar e acender das luzes dando seu toque de irrealidade.
Sim, eu sou um transgressor.
Mas, também sei vestir pele de cordeiro. E aprendi que realmente para sobreviver, eu teria que me disfarçar. Eu faço o que o sistema manda. Eu faço o que ele manda fazer. Mas quando eu me deparo com “aquele” olhar em sala de aula; aquele olhar solitário em meio à massa, mostrando o despertar do ‘algo mais’ que eu inseri naquele conteúdo... Ah! Que prazer!
Até quando as pessoas vão se achar donas da verdade e tentar impor uma falsa ordem ao caos da vida? Até quando vão achar que as ‘suas verdades’ são ‘verdades universais’? Vão dar tanto valor para pedras ou metais extraídos da terra, que não teriam valor se não acreditassem que os têm, ou ainda cerimônias e rituais “pagãos” ou “bárbaros”, que só porque agora se tornaram “cristãos” e envolvem dinheiro, são extremamente necessários para as nossas vidas? Talvez porque “vivemos em sociedade”?!?
Eu me achava esgotado e desestimulado. Eu achava até mesmo que seria o fim, afinal, deixei os sonhos para trás. Entretanto, são estes momentos, que me fazem feliz e não me deixam esquecer quem eu realmente sou.
E eu agradeço por me sentir exatamente como este objeto que encontrei quando ia embora, “uma tampa de privada jogada em alguma esquina da vida”. Apenas um detalhe, mas que desestabiliza a ordem das coisas.
Last Letter - One Day As A Lion
Pra variar, um pedaço do meu dia "musicado".
last letter
one day as a lion
your god is a homeless assassin
who roams the world to save
he's digging for buried treasures
he's leaving nothing but fields of graves
the tears will fly like birds of vengeance
the sky will bury us all
the church bells will sound like sirens shrieking
the hole will be dug for the fall
through the smoke its now getting clearer
who led us into the burning theater
in through the rain of bodies and ashes
and into the courtrooms of pitched blackness
into the secret firing lines
into the barbed wire dug in around our minds
the tears will fly like birds of vengeance
the sky will bury us all
the church bells will sound like sirens shrieking
the hole will be dug for the fall
your god is dying much younger than Rome
he's killed so many he can't go home
your god's heart is a tumor now rotten
born of a blood that's never forgotten
and this is my last letter to you
i'm walking the belt way and there's
something i've got to do
2 comentários:
Aew Fera... há muito tempo não lia seus textos... desde a época que mandava por email... hehe
O conteúdo está muito bom... parabéns!!
Ow! Valeu! Um comment!!!
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