Arte




Acabou as férias e o Carnaval já passou, chegou o momento de iniciarmos os estudos. Com este espírito de reinício vamos começar nossos debates justamente falando sobre arte. E para isto, dê uma olhada no conteúdo da nossa primeira apostila (clique aqui para fazer download de sua versão em .pdf) e também do ótimo texto Avaliar para quê, somente disponível para download aqui.
E não se esqueçam, para um futuro próximo, iremos utilizar o livro Questões de Arte da autora Cristina Costa, publicado pela Editora Moderna. Adquiram e leiam assim que possível.

Um ótimo retorno e bons estudos!

ARTE

“A arte é a arte”

Jan Dibbets, 1972

 

“Se alguém chama isto arte, então é arte”

Donald Judd

 

“A arte é um conceito estatístico. Se há gente suficiente que decide que uma coisa é arte, então é arte””

Piotr Kowalski, 1977

 

“Quanto mais ilusão causar uma obra de arte, tanto mais perfeita ela será.”

Federico Zuccari, 1607

 

“O artista é um mentiroso profissional”

Oscar Wilde

 

“A arte é necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo. Mas a arte também é necessária em virtude da magia que lhe é inerente.”

Ernst Fischer, 1959

 

“Todos sabemos que arte não é verdade. A arte é uma mentira que nos faz compreender a verdade, pelo menos, a verdade que podemos compreender.”

Pablo Picasso, 1923

 

“Tudo é arte.

Nada é arte.”

Bem Vautier, 1973

Arte (Latim ars, significando técnica e/ou habilidade) normalmente é entendida como a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) por parte do ser, feita com a intenção de estimular os sentidos humanos, bem como transmitir emoções e/ou idéias.

A definição de arte, no entanto, é fruto de um processo sócio-cultural e depende do momento histórico em questão, variando bastante ao longo do tempo. Originalmente, a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades. Esse é o sentido usado em termos como "artes marciais". No sentido moderno, também podemos incluir o termo arte como a atividade artística ou o produto da atividade artística. Tradicionalmente, o termo arte foi utilizado para se referir a qualquer perícia ou maestria, um conceito que terminou durante o período romântico, quando arte passou a ser visto como "uma faculdade especial da mente humana para ser classificada no meio da religião e da ciência".

A arte tem raízes primitivas, desde onde os ancestrais da raça humana pintavam nas paredes de cavernas e expressavam seu cotidiano. Ao longo do tempo, a função da arte tem sido vista como um meio de espelhar nosso mundo (naturalismo), para decorar o dia-a-dia e para explicar e descrever a história e os diversos eus que existem dentro de um só ser (como pode ser visto na literatura), e para ajudar a explorar o mundo e o próprio homem.

Estilo é a forma como a obra artística se mostra, enquanto que Estética é o ramo da Filosofia que explora a arte como fundamento.

Uma obra artística só se torna conhecida quando algo a faz ficar diante de um dos sentidos do ser humano. Os avanços tecnológicos contribuem de uma forma colossal para criar assessibilidade entre a pessoa que deseja desfrutar da arte e a própria arte. A pessoa e a obra se unem então, por diversos meios, como os rádios (para a música), os museus (para pinturas, esculturas e manuscritos), e a televisão, que talvez seja, entre esses itens citados, o que mais capacidade tem para levar a obra artística a um número grande de interessados, por utlizar diversos sentidos (visão, audição) e por utilizar também satélite. A própria Internet é fonte de transmição entre a obra e o interessado, com sites (que distribuem E-books e por softwares especializados em conectar o computador do usuário a uma rede com diversos outros computadores conectados onde possam compartilhar arquivos, como, por exemplo, os de extensão .mp3, para música).

Entretanto, exploradores, comerciantes, vendedores e artistas de público (palhaços, malabaristas, ator, etc.) também costumam apresentar ao público as obras, nos mais diversos lugares, de acordo com suas funções. A arqueologia transmite idéias de outras culturas; a fotografia é uma forma de arte e está acessível por todos os cantos do mundo; e também por almanaques, enciclopédias e volumes em geral é possível conhecer a arte e sua história. A arte está por todos os cantos, pois não se restringe apenas em uma escultura ou pintura, mas também em música, cinema e dança.

O ser que faz arte é definido como o artista. O artista faz arte segundo seus sentimentos, suas vontades, seu conhecimento, suas idéias, sua criatividade e sua imaginação, o que deixa claro que cada obra de arte é uma forma de interpretação da vida. Atualmente, diz-se que o estado máximo de realização de um artista, bem como o estado em que ele mais cria arte com qualidade, chama-se inspiração.

 

Definições

Ernst Gombrich, famoso historiador de arte, afirmou que nada existe realmente a que se possa dar o nome de Arte. Existem somente artistas.[1].

Arte é um fenômeno cultural. Regras absolutas sobre arte não sobrevivem ao tempo, mas em cada época, diferentes grupos (ou cada indivíduo) escolhem como devem compreender esse fenômeno.

Arte pode ser sinônimo de beleza, ou de uma beleza transcendente. Dessa forma, o termo passa a ter um caráter subjetivo, qualquer coisa pode ser chamada de arte, desde que alguém a considere assim, não precisando ser limitada à produção feita por um artista. Como foi mencionado, a tendência é considerar o termo arte apenas relacionado, diretamente, à produção das artes plásticas.

Os historiadores de arte buscam determinar os períodos que empregam certo estilo estético, denominando-os por 'movimentos artísticos'. A arte registra as idéias e os ideais das culturas e etnias, sendo assim, importante para a compreensão da história do Homem e do mundo.

Formas artísticas podem extrapolar a realidade, exagerar coisas aceitas ou simplesmente criar novas formas de se perceber a realidade.

Em algumas sociedades, as pessoas consideram que a arte pertence à pessoa que a criou. Geralmente consideram que o artista usou o seu talento intrínseco na sua criação. Essa visão (geralmente da maior parte da cultura ocidental) reza que um trabalho artístico é propriedade do artista. Outra maneira de se pensar sobre talento é como se fosse um dom individual do artista. Os povos judeus, cristãos e muçulmanos possuem esta visão sobre a arte.

Outras sociedades consideram que o trabalho artístico pertence à comunidade. O pensamento é levado de acordo com a convicção de que a comunidade deu ao artista o capital social para o seu trabalho. Nessa visão, a sociedade é um coletivo que produz a arte através do artista, que apesar de não possuir a propriedade da arte, é visto com importância para sua concepção. Existem contradições quanto à honra ou ao gosto pela arte, indicando assim o tipo de moral que a sociedade exerce.

Também pode ser definida, mais genericamente, como o campo do conhecimento humano relacionado à criação e crítica de obras que evocam a vivência e interpretação sensorial, emocional e intelectual da vida em todos os seus aspectos.

Utilidade

Uma das características da arte é a dificil capacidade que nós temos de dar uma clara utilidade ou valor utilitarista. No entanto, essa "capacidade dificil" é por vezes criticada como sendo preconceito contra a classe de artista. Há os que não vem utilidade na arte, mas isso não é verdade, pois ela é capaz de alterar a psique do espectador e do autor. Exemplo disso é a grande capacidade que o Cinema possuiu em suas raízes e que ainda faz na mente de quem assiste.

A arte também é usada por terapeutas, psicoterapeutas e psicólogos clínicos como terapia. Paul McCartney, ex-Beatle, diz que a música é capaz de curar. Em uma de suas visitas a um hospital de altistas, revelou que quando se tenta comunicar com uma criança altista, ela não responde facilmente. Entretanto, quando se dedilha algo no violão, elas respondem .

O resultado de uma arte pode trazer consigo toda a história de uma nação, de uma região, de um povo, de um acontecimento, de uma vitória, de um fracasso.

Grafite e outros tipos de arte de rua são gráficos e imagens pintadas por spray. São vistos pelo público em paredes de edifícios, em ônibus, trens, pontes e, normalmente sem permissão do governo. Este tipo de arte faz parte de diversas culturas juvenis. Nos EUA, da cultura hip-hop. São comumemente usadas para a expressão de opiniões sobre política, e outras vezes trazem mensagens de paz, de amor e união.

Em contexto social, essa arte une a população à mensagens moralísticas, no sentido da bondade. O humor também faz parte da arte e, por isso, diverte e faz rir. Todos os tipos de arte são capazes de trazer humor, desde o teatro, até uma letra musical. E embora o grafite não seja bem vista por alguns olhos, estão por todos os lados de grandes metrópoles.

De uma perspectiva mais antropológica, a arte é muitas vezes uma forma de transmitir idéias e conceitos sobre a posteridade numa linguagem universal (um pouco). Prova disto são músicas voltadas ao amor, e à questões políticas. Os livros também podem fazer críticar quanto a coisas ruins de uma determinada sociedade. Les Misérables, de Victor Hugo, narra a situação política e social francesa no período da Insurreição Democrática ou Revolução de 1830, em 5 de junho de 1832, no reinado de Luís Filipe I de França, através da história de Jean Valjean, o protagonista.

A interpretação da obra depende do observador da perspectiva e contexto. Portanto, inversamente a própria subjetividade da arte demonstra a sua importância no sentido de facilitar a troca e discussão de ideias rival, ou para prestar um contexto social em que diferentes grupos de pessoas possam reunir e misturardes.

Formas, gêneros, mídias, e estilos

As artes criativas são muitas vezes divididos em mais categorias específicas, tais como artes decorativas, artes plásticas, artes do espectáculo, ou literatura. Assim, por exemplo, pintura é uma forma de arte visual, e a poesia é uma forma de arte literária.

Uma forma de arte é uma forma específica de expressão artística para tomar, é um termo mais específico do que arte em geral, mas menos específico do gênero.

Alguns exemplos incluem:

As mídias (meios) para uma obra de arte ser contruída são as mais diversas. Precisa-se de materiais propícios para ela ser realizada pelo artista. Assim, por exemplo, pedra e bronze são duas mídias capazes de contruir uma obra de arte, como, no caso, uma escultura. A música e a poesia usam o som, a pintura usa tintas, telas, cores, óleo.

Um gênero artístico é o conjunto de convenções e estilos dentro de uma forma de arte e mídia. Por exemplo, o Cinema possui uma gama de gêneros: filmes ocidentais, filmes de horror, comédia, romance. É assim também na literatura. Na música, há centenas de gêneros musicais, que variam de região, cultura e etc., e vão desde rock, até Mpb. Na pintura, as correntes de artistas (como o Naturalismo), incluem paisagem ou cotidiano (ruas, pessoas em suas atividades diárias, etc.).

As estruturas compositivas de uma obra (arranjo de formas, cores, ritmo, texturas, e linhas) são as estruturas que expressarão as idéias e as emoções que a obra passar, segundo os olhos do espectador. Diante de um quadro, cada espectador terá uma sensação, de acordo com sua disposição, seus conhecimentos e seus gostos.

Imagine-se que você é um crítico de arte cuja missão consiste em comparar os significados que você encontra em uma ampla gama de diferentes trabalhos artísticos. Como você irá executar sua missão? Uma maneira de começar o trabalho é separar, por grupos, que tipo de mídia usa-se em cada trabalho artístico: é um vídeo?, é através do som?, é pela escrita?, e assim por diante. Os materiais de uma arte são tão importantes quanto a arte em si; um exemplo é uma escultura que foi realizada com bronze: ela não tem a mesma estética de uma escultura que fora realizada à pedra, embora a forma seja a mesma. Assim, outro exemplo é uma música que utiliza guitarras: o som desta música não será o mesmo de uma música que apenas utilize piano, embora a melodia continue sendo a mesma. Portanto, sendo um crítico de arte cuja missão é comparar os significados de cada obra artística, há um outro passo interessante: você pode analisar a forma como os materiais em cada obra tornaram-se a arte pronta. O sfumato, na Mona Lisa, deu um toque especial no rosto da figura pintada no quadro. Analisar como cada material é importante para a composição da obra, é uma forma de conhecer mais profundamente a obra.

Mas, no final, você iria concluir que a maioria das obras de arte não são um conjunto de materiais e mídias, e estética. Cada obra de arte é mais que isso, pois os materiais são utilizados de acordo com a técnica de cada artista e, no final, suas interpretações envolveriam também uma discussão sobre idéias e sentimentos que o trabalho artístico quis propor.

Arte: classe e valor

A arte é entendida por alguns como um pertence de apenas algumas classes sociais, principalmente das mais ricas. Esta definição exclui a classe inferior, em questão finaceira. Nesse contexto, a arte é vista como uma atividade de classe superior associada à riqueza, a capacidade de venda e compra de arte, o lazer e o prazer para desfrutar de uma obra. Por exemplo, o Palácio de Versailles ou o Hermitage, em São Petersburgo, com sua vasta coleção de arte, acumuladas pela realeza da Europa exemplificam esta visão. Coletando tal arte é o de preservar o rico, ou de Governos e instituições.

Entretanto, tem havido um empurrão cultural na outra direção, pelo menos desde 1793, quando o Louvre, que tinha sido um palácio privado dos Reis de França, foi aberta ao público como museu de arte durante a Revolução Francesa. A maioria dos museus públicos modernos e arte programas educacionais para as crianças nas escolas pode ser rastreada até este impulso de mostrar a arte a todos. Nos Estados Unidos, há museus de todos os tipos: dos mais ricos, até os mais públicos, como acontece no Brasil, e em Portugal.

Há tentativas de criar arte que não podem ser compradas pelos ricos, como se fossem objeto de um estatuto. NO final dos anos 1960 e 1970 foi justamente isto: criar arte que não podia ser comprada e/ou vendida. "É necessário apresentar algo mais do que meros objectos", disse que o grande artista pós-guerra alemão Joseph Beuys. Este período viu o surgimento de coisas como arte performática, vídeo arte e arte conceitual. A idéia era que, se o trabalho artístico foi um desempenho que iria deixar nada para trás, ou era simplesmente uma idéia, não podia ser comprada e vendida.

Muitas dessas performances de criar obras que são apenas compreendido pela elite, resultaram nas razões pelas quais uma idéia ou vídeo ou um aparente pedaço de lixo pode ser considerado arte.

História

·     O método formalista mais antigo, entende que a obra de arte se dá pelas formas e sua compreensão também.

·     O método histórico entende que a obra de arte é um fato histórico, portanto reflexo e ação em um determinado contexto histórico.

·     O 'método sociológico entende a obra de acordo com o estudo da sociedade a qual ela pertence.

·     O método iconográfico entende a obra pelos ícones e símbolos que ela carrega.

Se formos analisar a arte ao longo da história, podemos começar pela Arte da Pré-História, que é o período onde se mostram as primeiras demonstrações de arte que se tem notícia na história humana. Retratavam animais, pessoas, e até sinais. Havia cenas de caçadas, de espécies extintas, e em diferentes regiões. Apesar do desenvolvimentos primitivo, podem-se distinguir diferentes estilos, como pontilhado (o contorno das figuras formado por pontos espaçados) ou de contorno contínuo (com uma linha contínua marcando o contorno das figuras). Apesar de serem vistas como mal-feitas e não-civilizadas, as figuras podem ser consideradas um exemplo de sofisticação e inovação para os recursos na época. Não existem muitos exemplos de arte-rupestre preservada, mas com certeza o mais famoso deles é o das cavernas de Lascaux, na França.

Se pularmos um bocado, chegaremos à Arte do Antigo Egipto, o palco para uma das mais interessantes descobertas do ser humano. A arte egípcia, à semelhança da arte grega, apreciava muito as cores. As estátuas, o interior do templos e dos túmulos eram profusamente coloridos. Porém, a passagem do tempo fez com que se perdessem as cores originais que cobriam as superfícies dos objectos e das estruturas.

Os criadores do legado egípcio chegam aos nossos dias anónimos, sendo que só em poucos casos se conhece efectivamente o nome do artista. Tão pouco se sabe sobre o seu carácter social e pessoal, que se crê talvez nem ter existido tal conceito no grupo artístico de então. Por regra, o artista egípcio não tem um sentido de individualidade da sua obra, ele efectua um trabalho consoante uma encomenda e requisições específicas e raramente assina o trabalho final. Também as limitações de criatividade impostas pelas normas estéticas, e as exigências funcionais de determinado empreendimento, reduzem o seu campo de actuação individual e, juntamente com o facto de ser considerado um executor da vontade divina, fazem do artista um elemento de um grupo anónimo que leva a cabo algo que o transcende.

As grandes tradições na arte têm um fundamento na arte de uma das grandes civilizações antigas: Antigo Egito, Mesopotâmia, Pérsia, Índia, China, Grécia Antiga, Roma, ou Arábia (antigo Iêmen e Omã). Cada um destes centros de início civilização desenvolveu um estilo único e característico de fazer arte. Dada a dimensão e duração dessas civilizações, mais das suas obras de arte têm sobrevivido e mais da sua influência foi transmitida a outras culturas e tempos mais tarde. O período da arte grega viu uma veneração da forma física humana e o desenvolvimento de competências equivalentes para mostrar musculatura, pose, beleza e anatomia em geral.

A arte gótica surgiu tempos depois, já na Arte pré-românica. Os monumentos construídos nessa época marcaram todo um modo especial de criar arquitetura e desenvolveu métodos preciosos e estilos definidos como sombrios e macabros.

A Arte Bizantina e a gótica da Idade Média ocidental, mostraram uma arte que centrou-se na expressão das verdades bíblicas e não na materialidade. Além disto, enfatizou métodos que mostram a glória em mundos celestes, utiliando o uso de ouro em pinturas, ou mosaicos.

A Renascença ocidental deu um retorno à valorização do mundo material, bem como o local de seres humanos, e mesmo essa mudança paradigmática é refletida nessa arte, o que mostra a corporalidade do corpo humano, bem como a realidade tridimensional da paisagem.

A pop art é completamente caracterizada como algo de humor e muito diferente da arte antiga, pois retrata, de maneira irônica, o que utilizamos nos dias de hoje, só que com outros tamanhos, ambientes e formas.

Os ocidentais do Iluminismo no século 18 faziam representações artísticas de modo físico e racional sobre o Universo, bem como visões de um mundo pós-monarquista, como a pintura que William Blake fez de um Newton divino. Isto reforçou a atenção ao lado emocional e à individualidade dos seres, exemplificados em muitos romances de Goethe. O século 19, em seguida, viu uma série de movimentos artísticos, tais como arte acadêmica, simbolismo, impressionismo, entre outros.

O aumento de interação global durante este tempo fez uma grande influência de outras culturas na arte ocidental, como Pablo Picasso sendo influenciado pela cultura da África. Do mesmo modo, o Ocidente tem tido enorme impacto sobre arte oriental no século 19 e no século 20, com idéias ocidentais originalmente como comunismo e Pós-Modernismo exercendo forte influência sobre estilos artísticos.

O Modernismo baseou-se na idéia de que as formas "tradicionais" das artes plásticas, literatura, design, organização social e da vida cotidiana tornaram-se ultrapassados, e que fazia-se fundamental deixá-los de lado e criar no lugar uma nova cultura. Esta constatação apoiou a idéia de re-examinar cada aspecto da existência, do comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as "marcas antigas" e substituí-las por novas formas, e possivelmente melhores, de se chegar ao "progresso". Em essência, o movimento moderno argumentava que as novas realidades do século XX eram permanentes e iminentes, e que as pessoas deveriam se adaptar as suas visões-de-mundo a fim de aceitar que o que era novo era também bom e belo. No modernismo, surgiu vários estilos, os mais destacados são Expressionismo, Simbolismo, Impressionismo, Realismo, Naturalismo, Cubismo e Futurismo, embora tenham sido desenvolvidos diversos outros.

Atualmente, na Arte Contemporânea (surgida na segunda metade do século XX e que se alonga até os dias atuais), encontramos, entre outros estilos secundários, a Pop Art.

Características

A arte tende a facilitar a compreensão intuitiva, em vez de racional, e normalmente é, conscientemente, criada com esta intenção. As obras de arte são imperceptíveis, escapam de classificação, porque elas podem ser apreciadas por mais de uma interpretação.

Tradicionalmente, os maiores sucessos artísticos demonstram um alto nível de capacidade ou fluência dentro de outras obras, por isso se destacam.

Habilidade

A arte pode utilizar a imagem para comover, emocionar, conscientizar; ou palavras profundas para se apaixonar por um certo poema ou livro. Basicamente, a arte é um ato de expressar nossos sentimentos, pensamentos e observações. Existe um entendimento de que é alcançado com o material, como resultado do tratamento, o que facilita o seu processo de entendimento.

A opinião comum diz que para se fazer uma arte que tenha como resultado uma obra de qualidade, é preciso uma especialização do artista, para ele alcançar um nível de conhecimento sobre a demonstração da capacidade técnica ou de uma originalidade na abordagem estilística. Notamos nas peças de Shakespeare uma profunda análise de psicologia sobre os personagens, como em Hamlet.

As críticas quanto à algumas obras, deve-se muitas vezes, segundo o crítico, à falta de habilidade ou capacidade necessária para a produção do objeto artístico. Habilidade e capacidade necessária para a produção do tal objeto são dois itens completamente importantes. No entanto, é importante definir que nem toda obra de arte vale através da arte. Vemos, como exemplo, a obra My Bed, da artista britânica Tracey Emin. A cama demonstra desorganização. A artista usou pouco ou nenhum reconhecido tradicional de conjunto de competências, embora tenha demonstrado uma nova habilidade (diferente do mais comum, que seria uma cama arrumada).

A montagem dos materiais de uma obra requer técnica e criatividade e também conhecimento. Um exemplo é um dramaturgo ter em mente que o material que usará para criar sua peça de teatro será a palavra e um aprofundamento sobre as personagens, o enredo e etc. Depois disto, basta usar toda sua criatividade e conhecimento para ir moldando o texto da peça.

Estética

A beleza de uma obra a torna mais destacada se comparada às outras. O material usado pelo artista e suas técnicas são o que tornam uma obra de arte bonita, com uma boa aparência. Entretanto, é importante destacar novamente a obra My Bed, de Tracey Emin, onde a cama não possui uma beleza comum, embora apresente uma situação.

A estética é fundamental numa obra de arte. Vemos como exemplo a arquitetura com seus edifícios majestosos, grandes, esbeltos, o que faz com que as pessoas admirem. Assim é também com um bom conto, em questão de literatura, e com uma boa pintura. Como já foi falado, o material usado é o que irá mostrar a beleza da arte.

É importante ter um estudo mais profundo sobre a estética. Conseguimos isso separando quais conceitos formam a estética, a começar pela beleza. A beleza é uma percepção individual caracterizada normalmente pelo que é agradável aos sentidos. Esta percepção depende do contexto e do universo cognitivo do indivíduo que a observa. O belo depende muito da sociedade e de suas crenças. Um exemplo disto é o quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral. Para ela, a figura do quadro era um monstro e para a maioria das pessoas. Mas por quê? Será que por que não corresponde ao padrão de beleza da nossa sociedade? Na época de Leonardo da Vinci, as mulheres eram tidas bonitas quando eram rechonchudas. Exemplo disto é a Mona Lisa.

Outro aspecto da estética é o equilíbrio. O equilibrio se encontra quando todos os elementos que compõe a imagem estão organizados de tal forma que nada é enfatizado, todos passando uma sensação de equilíbrio visual. O equilibrio é mais utilizado nas pinturas. O que influencia o equilibrio são as cores, as imagens, as superfícies, os tamanhos e as posições dos itens presentes na pintura, ou numa outra arte plástica. Reflita sobre um quadro cujo desenho seja um horizonte, o pôr do sol e um lindo mar refletindo a luz alaranjada do sol. No fundo do mar, há um enorme navio, quase ocupando todo o espaço do quadro. Esta figura, o navio, dá ou não dá equilibrio à pintura como um todo? Se não, o que seria necessário fazer para dar mais equilibrio? Por qual motivo a figura do navio é enorme?

Harmonia é relacionada à beleza, à proporção e também à ordem. Um exemplo, é a música: todos os ritmos precisam estar bem delineados, bem ordenados para que haja uma harmonia, uma beleza no som. Quanto ao design, podemos definir harmonia como efeito da composição de formas, não de maneira aleatória, mas de modo que contornos e enchimentos sejam bem definidos, variando segundo um grau de importância pré-estabelecido e se relacionando ao esquema geral da organização do objeto. Este objeto pode ser um quadro, um site, enfim, qualquer entidade que esteja sendo composta por partes (engrenagens) menores.

Na escultura e na arquitetura, a forma também é uma das coisas mais importantes. Nas esculturas de Michelangelo, ou nas de Rodin, como, por exemplo, Davi, notamos que é um ser ali esculpido e este ser possui um corpo. Portanto, a forma do corpo precisa ser bem definida, bem adquirida para que se assemelhe a um corpo humano. NO entanto, se o escultor for esculpir um monstro, como exemplo, é preciso haver a mesma coisa, embora ele tenha em mente um corpo totalmente diferente do comum.

O que define uma obra como estéticamente bonita e importante, além dos recursos que fora usado nela e de suas técnicas, é também seu valor, o que veremos a seguir.

Valor

Uma outra característica da arte é o valor. Esta vem depois de sua realização pelo artista. É quando já está exposta ao público. Aqui, não é discutido especialmente a estética, e sim o valor relacionado a importância da obra, segundo a maioria. Podemos exemplificar esse raciocinio com a seguinte pergunta: por qual motivo o quadro Mona Lisa tem um grande valor? Ou até mesmo: por que as obras de Shakespeare são tão famosas e tidas como as melhores do mundo? E até: por que várias músicas do Beatles são tão prestigiadas?

Para começar, é importante relacionar quais elementos tornam uma obra de arte tão glamurosa. Quanto à Mona Lisa e as peças de Shakespeare, podemos notar algo semelhante: um elemento novo até então. Por exemplo: na Mona Lisa, há o sfumato. Nas peças mais famosas de Shakespeare, há técnicas ímpares para o teatro, como, p. exemplo, em Hamlet: o teatro no teatro. As músicas dos Beatles possuem ritmos e melodias pioneiros. Mas será que é apenas um elemento novo que faz uma obra ficar em destaque?

Além da distribuição e divulgação de uma obra, coisas que contribuem bastante para a sua fama, há também um outro item: a forma como a obra é criada e, assim, como ela sobrevive depois de anos. Este item é mais aplicado na literatura, onde diversos romances permanecem prestigiados mesmo depois de muito tempo escritos, por terem um valor social e emocional ainda muito presente no ser humano, como as peças de Shakespeare.

Além disto tudo, quando uma obra influencia outras por conter coisas novas e quando essa mesma obra possui aspectos que atraiam o espectador por algum motivo (seja motivacional, de reflexão, ou outro), ela então se torna valiosa pelos que gostaram.

Comunicar a emoção

A arte pode despertar sentimentos morais ou estéticos, e pode ser entendida como uma forma de comunicar esses sentimentos. Artistas expressar algo para que seu público é despertada, em certa medida, mas eles não têm de fazê-lo conscientemente. Art. explora aquilo que é vulgarmente designado como a condição humana que é essencialmente o que é ser humano. Eficaz art frequentemente traz qualquer nova visão relativa à condição humana individualmente ou en-massa, o que não é necessariamente sempre positiva, ou necessariamente amplia os limites de capacidade colectivos humanos. O grau de habilidade que o artista tem, irá afectar a sua capacidade de desencadear uma reacção emocional e, assim, proporcionar novos conhecimentos, a capacidade de manipulá-las à vontade exemplar mostra habilidade e determinação.

Artesanato

O Artesanato é essencialmente o próprio trabalho manual ou produção de um artesão (de artesão + ato). Mas com a mecanização da indústria o artesão é identificado como aquele que produz objetos pertencentes à chamada cultura popular.

O artesanato é tradicionalmente a produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possui os meios de produção (sendo o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalha com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja, não havendo divisão do trabalho ou especialização para a confecção de algum produto. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante ou aprendiz.

História

Os primeiros objetos feitos pelo homem eram artesanais. Isso pode ser identificado no período neolítico (6.000 a.C.) quando o homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica como utensílio para armazenar e cozer alimentos, e descobriu a técnica de tecelagem das fibras animais e vegetais. O mesmo pode ser percebido no Brasil no mesmo período. Pesquisas permitiram identificar uma indústria lítica e fabricação de cerâmica por etnias de tradição nordestina que viveram no sudeste do Piauí em 6.000 a.C.

Historicamente, o artesão, responde por todo o processo de transformação da matéria-prima em produto acabado. Mas antes da fase de transformação o artesão é responsável pela seleção da matéria-prima a ser utilizada e pela concepção, ou projeto do produto a ser executado.

A partir do século XI, o artesanato ficou concentrado então em espaços conhecidos como oficinas, onde um pequeno grupo de aprendizes viviam com o mestre-artesão, detentor de todo o conhecimento técnico. Este ensinava em troca de mão-de-obra barata e fiel, recebendo ainda vestimentas, comida e conhecimento. Criaram-se as Corporações de Ofício, organizações que os mestres de cada cidade ou região formavam a fim de defender seus interesses.

Revolução Industrial

Com a Revolução Industrial, teóricos do século XIX, como Karl Marx e John Ruskin, e artistas (ver: Romantismo) criticavam a desvalorização do artesanato pela mecanização. Os intelectuais da época consideravam que o artesão tinha uma maior liberdade, por possuir os meios de produção e pelo alto grau de satisfação e identificação com o produto.

Na tentativa de lidar com as contradições da Revolução Industrial, William Morris funda o grupo de Artes e Ofícios na segunda metade do século XIX. Tentando valorizar o trabalho artesanal e se opondo à mecanização. O artesanato antes da Revolução Industrial era a tarefa mais importante!

Design gráfico

O design gráfico é uma forma de comunicação visual. É o processo de dar ordem estrutural e forma à informação visual, trabalhando frequentemente a relação de imagem e texto. Podendo ser aplicada a vários meios de comunicação, sejam eles impressos, digitais, audiovisuais, entre outros.

O profissional que realiza esse tipo de função é o designer gráfico. No entanto, mesmo existindo uma formação específica para essa área, vários tipos de profissionais atuam como designers gráficos - notoriamente os publicitários especializados em design gráfico assim como ilustradores e artistas gráficos.

Tradicionalmente os princípios do design gráfico estavam ligados a um formalismo e o funcionalismo. Atualmente, com o desenvolvimento da internet e da teoria do design de informação, há uma preocupação maior com a informação e o papel do usuário no design gráfico.

 

Moda

Moda é a tendência de consumo da atualidade. A moda é composta de diversos estilos que podem ter sido influenciados sob diversos aspectos. Acompanha o vestuário e o tempo, que se integra ao simples uso das roupas no dia-a-dia. É uma forma passageira e facilmente mutável de se comportar e sobretudo de se vestir ou pentear.

Para criar estilo, os figurinistas utilizaram-se de cinco elementos básicos: a cor, a silhueta, o caimento, a textura e a harmonia.

A moda é abordada como um fenômeno sociocultural que expressa os valores da sociedade - usos, hábitos e costumes - em um determinado momento. Já o estilismo e o design são elementos integrantes do conceito moda, cada qual com os seus papéis bem definidos.

A moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico. Pode-se ver a moda naquilo que se escolhe de manhã para vestir, no look de um punk, de um skatista e de um pop star, nas passarelas do mundo, nas revistas e até mesmo no fato que veste um político ou no vestido das avós.

Gestalt, a psicologia da forma

Fundada dentro da filosofia por Max Wertheimmer e Kurt Koffka a Gestalt traz novas perguntas e respostas para a Psicologia. Ela se detém nos campos da percepção e na visão holística do homem e do mundo. A palavra gestalt não tem uma tradução para o português, mas pode ser entendido como forma, configuração. Criticava principalmente a psicologia de Wundt, que era chamada de Psicologia do "tijolo e argamassa", pois via a mente humana dividida em estruturas.

A gestalt preocupa-se com o homem visto como um todo, e não como a soma das suas partes (o lema da Gestalt é justamente este: O todo é mais que a soma das suas partes). No ano de 1951, Frederic S. Perls cria a teoria Gestalt-terapia, que contou com os colaboradores Laura Perls e Paul Goodman, com base na filosofia de Martin Buber, das terapias corporais de Reich, filosofias orientais, teoria Organísmica de K. Goldstem, teoria de campo de Kurt Lewin, holismo e outros.

Teatro

A palavra teatro define tanto o prédio onde podem se apresentar várias formas de artes quanto uma determinada forma de arte.

O vocábulo grego Théatron estabelece o lugar físico do espectador, "lugar onde se vai para ver". Entretanto o teatro também é o lugar onde acontece o drama frente à audiência, complemento real e imaginário que acontece no local de representação. Ele surgiu na Grécia antiga, no século IV a.C..

Toda reflexão que tenha o drama como objeto precisa se apoiar numa tríade: quem vê, o que se vê, e o imaginado. O teatro é um fenômeno que existe nos espaços do presente e do imaginário, e nos tempos individuais e coletivos que se formam neste espaço.

O teatro é uma arte em que um ator, ou conjunto de atores, interpreta uma história ou atividades, com auxílio de dramaturgos, diretores e técnicos, que têm como objetivo apresentar uma situação e despertar sentimentos na audiência.

 

Ensino de arte

Arte-educação ou ensino de Arte é a educação que oportuniza ao indivíduo o acesso à Arte como linguagem expressiva e forma de conhecimento.

A educação em arte, assim como a educação geral e plena do indivíduo, acontece na sociedade de duas formas:

·     assistematicamente através dos meios de comunicação de massa e das manifestações não institucionalizadas da cultura, como as relacionadas ao folclore (entendido como manifestação viva e em mutação, não limitado apenas à preservção de tradições);

·     e sistematicamente na escola ou em outras instituições de ensino.

A arte-educação tem um objetivo maior que a formação de profissionais dedicados a esta área de conhecimento, no âmbito da escola regular busca oferecer aos indivíduos condições para que compreenda o que ocorre no plano da expressão e no plano do significado ao interagir com as Artes, permitindo sua inserção social de maneira mais ampla.

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) estabeleceu em seu artigo 26, parágrafo 2º que:

·     "O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos".

·     "A arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber"

Um sobrevôo sobre os territórios das Linguagens Artísticas

 

Linguagens artísticas.

Artes visuais, música, teatro, dança, artes audiovisuais, se constroem na inventiva criação de linguagens, elaboradas com códigos que se fazem signos artísticos. Artistas, obras e épocas, geram linguagens ou cruzamentos e hibridismo entre elas, seja para ultrapassar limites processuais, técnicos, formais, temáticos, poéticos. O estudo das produções artísticas nos coloca em contato com a singularidade do modo de produção da linguagem da arte; seja para a compreensão da passagem, por

exemplo, da arte moderna para arte contemporânea, como para perceber e compreender as diferentes singularidades da linguagem da pintura quando estamos diante de uma obra de Michelangelo, de Van Gogh, de Pollock ou de Paulo Pasta.

Ao mesmo tempo, o estudo da linguagem da arte, nos faz parceiros estéticos quando

interpretamos e criamos significação para uma obra que olhamos e que nos olha, provocando ressonâncias em nós, abrindo fissuras em nossa percepção, arranhando a nossa sensibilidade por meio de seus signos artísticos.

Por isso que certos saberes, habilidades, sensibilidades só se formam inventivamente quando feitos experimentos nas linguagens artísticas; seja como fazedor ou leitor de práticas artísticas.

 

Processo de criação.

Muitos mitos têm cercado a criação artística, ancorados principalmente na idéia de genialidade e valorização de habilidades manuais específicas. O estudo da criação e invenção em arte como um processo, oferece a oportunidade da compreensão do que vem a ser o percurso criador específico do fazer de práticas artísticas. Percurso este que envolve projetos, esboços, estudos, protótipos, diálogos com a matéria, tempo de devaneio, de vigília criativa, do fazer sem parar, de ficar em silêncio e distante, de viver o caos criador.

Ao contrário do que se pensa, a criação artística envolve aprendizagem. Todo fazedor de arte se forma trabalhando em processos de criação, com as informações, deformações e formações que os atos de criação propõem durante a procura incansável de uma poética pessoal de tal forma que, enquanto a obra se faz, se inventa o seu próprio modo de fazer.

 

Materialidade.

Em todo trabalho de arte sempre há a combinações de materiais. Cada material é uma matéria que dá consistência física à obra de arte. O corpo, o movimento do/no corpo, como o mármore, a parafina e o feltro, ou, o som e o silêncio, são matérias que deixam de ser o que são quando sujeitas à prática artística, perdendo sua crueza de matéria pela passagem para o simbólico. Matérias são pele sobre a carne da obra. A materialidade é, portanto, sígnica na medida em que dá sustento, suporta significação, na mesma relação de conteúdo e forma. O estudo da materialidade das produções artísticas nos aproxima da poética dos materiais, do sentido que brota e de que modo brota da própria matéria pela sua simbolização.

Matéria, procedimentos com a matéria, suportes e ferramentas estão envolvidos intrinsecamente. Podem, entretanto, ser analisados diferenciadamente, desde que não nos esqueçamos de que “separar a obra da sua matéria é impossível. A matéria é insubstituível: a obra nasce como adoção de uma matéria e triunfa como matéria formada”, diz Pareyson.

 

Forma-conteúdo.

Onde se vê a forma, lá está o conteúdo. Kandinsky discute essa questão de modo certeiro. Para ele, “a forma é a expressão exterior do conteúdo interior”. A inseparabilidade da forma e conteúdo revela identidades singulares de signos e sentidos estéticos, de expressão e produção. Para Pareyson “o conteúdo nasce como tal no próprio ato em que nasce a forma, e a forma não é mais que a expressão acabada do conteúdo”. O invisível do conteúdo só se torna visível pela forma, isto é, pelos próprios elementos que compõe a visualidade, a musicalidade, a teatralidade. O

estudo desses elementos e sua composição nas práticas artísticas nos levam a aguçar o olhar sobre a forma conjugada com a matéria, na procura pela expressão ligada aos significados que imprimem cada artista, período ou época. Forma e conteúdo são, assim, intimamente conectados, inseparáveis, imantados.

 

Mediação cultural.

Museus, galerias, instituições culturais, salas de espetáculo e concerto, abrigam práticas artísticas, acolhem “vedores” de arte. Curadores, museólogos, museólogos, encenadores, maestros, cenógrafos, programas de ação educativa e todos os segmentos e agentes que envolvem uma produção cultural em arte trabalham para ativar culturalmente a produção artística, viabilizando o acesso a ela de forma sensível e significativa, para mover o público à experiência estética.

Experiência estética: múltiplas sensações, percepções, reflexões; às vezes, solitária, em seu próprio ritmo; algumas vezes, é compartilhada com outros numa conversa. O estudo sobre a experiência estética e os modos de provocar essa experiência é a tônica da mediação cultural, seja nos bastidores das instituições culturais como no espaço da escola, em que o professor, se pode dizer, é também um curador quando privilegia algumas obras e artistas e não outros, quando exibe (sem recursos ou com a qualidade necessária) reproduções de obras, quando planeja uma visita a uma exposição ou a uma sala de espetáculos ou concertos, quando coordena a apresentação de trabalhos de seus alunos (seja numa exposição ou espetáculo nos eventos da escola etc.).

 

Patrimônio cultural.

Obras de arte que habitam a rua, obras de arte que vivem em museus, obras de arte efêmeras que são registradas em diferentes mídias, manifestações artísticas do povo que são mantidas de geração em geração, são bens culturais, materiais e imateriais, que se oferecem ao nosso olhar. Patrimônio de cada um de nós, memória do coletivo; bens culturais que apresentam a história humana pelo pensamento estético-artístico, testemunhando a presença do ser humano, seu fazer estético, suas crenças, sua organização, sua cultura. Se destruídos, empobrecemos. Quando conservados, enriquecemos. Patrimônio e preservação são, assim, quase sinônimos. O estudo da arte tendo como viés a idéia de patrimônio cultural, oportuniza a ampliação do olhar acerca da cultura e das heranças culturais que marcam e dão referência sobre quem somos.

 

Saberes estéticos e culturais.

Para conhecer arte e cultura, há saberes que são como estrelas para aclarar o olhar ou o pensamento sobre arte. Podemos chegar pertinho do que já se pensou sobre artistas ou obras de um período, quando abrimos o discurso da história da arte. Podemos ter um olhar ampliado sobre a experiência estética e estésica, quando em contato com as teorias estéticas produzidas pela filosofia, ou, ainda, sobre a percepção e a imaginação estética quando olhamos o que a psicologia da arte tem a nos dizer sobre isso ou mesmo investigar o papel do artista na sociedade pelas questões que a sociologia da arte nos provoca. Talvez, seja na antropologia da arte que podemos procurar, por exemplo, os sentidos da arte indígena para seu povo; o sentido dos signos africanos em suas manifestações artísticas, ou da própria multiculturalidade no Brasil tão presente nas estéticas do cotidiano.

O estudo da arte por intermédio de campos de saberes estéticos e culturais embasa nosso pensamento sobre a arte e seu sistema simbólico ou social, oferecendo outras referências para nossa atuação como intérpretes da cultura.

 

Mapas para mover processos educativos em arte – uma proposta

 

Alguns fragmentos de desenho que compõem o texto acima, sinalizam partes de um mapa dos territórios da arte que nesta proposta ganha a seguinte gestalt visual:



O mapa ajuda a visualizar os territórios da arte como formas móveis de construção e organização de um outro modo de estudo de arte no contexto escolar. O mapa, assim, é utilizado como sendo um desenho, entre muitos outros possíveis, ligado ao conceito de rede, mostrando uma forma no tempo e espaço de caminhar por trilhas que trazem paisagens específicas para o estudo das artes visuais, da música, do teatro ou da dança.

A invenção desta gestalt visual para o mapa, tem sua invenção no curso da linha da obra Estudo para superfície e linha, da artista Iole de Freitas.


Na obra, superfícies de policarbonato e linhas tubulares se retesam ou se descomprimem em generosos arqueamentos, que nos leva à sensação de uma arquitetura mole, em que o curso da linha nos põe em movimento, a bailar no espaço em superfícies múltiplas. Por proximidade, o curso da linha nos faz imaginar caminhos, veredas nos territórios da arte. Desse modo, partindo da composição do Mapa dos territórios da arte é que apresentamos a seguir os conceitos e conteúdos por bimestre a partir da 5ª série do Ensino Fundamental até a 2ª série do Ensino Médio.

Os conceitos e conteúdos traçados na presente proposta serão estudados com ênfase na linguagem artística do professor, sendo que as demais linguagens apresentadas serão incorporadas como ampliação de referências sobre a arte de modo geral durante o processo educativo da linguagem enfatizada.

 

 

 

Bibliografia

"Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental", Brasil: MEC/SEF, 1997.

“Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Arte” / Coord. Maria Inês Fini. – São Paulo:SEE, 2008.

AGIRRE, Imanol. "Teorías y Prácticas en Educación Artística." Pamplona: Universidad Pública de Navarra, 2000

BARBOSA , Ana Mae. "Teoria e prática da Educação Artística." São Paulo: Editora Cultrix, 1975

DEWEY, John. "Art as experience." New York: Perigee Books, 1980 (1a edição 1934)

EISNER, Elliot. "The Arts and the creation of mind." New Haven: Yale University Press, 2002.

GOMBRIGH, Ernst H.; A história da arte; São Paulo: LTC. Editora, 2000; ISBN 8521611854

HERNANDEZ, Fernando & VENTURA, M. "A organização do currículo por projetos de trabalho." Porto Alegre: Artmed, 1998.

IAVELBERG, Rosa. "Para gostar de aprender Arte: sala de aula e formação de professores." Porto Alegre: Artmed, 2003.

PERKINS, David and LEONDAR, Barbara. "The Arts and the Cognition." Baltimore and London: The John Hopkins University Press, 1977

RÄSÄNEM, Marjo. "Building Bridges." Helsinki: University of Art and Design, 1998.

ZABALA, Antoni. "A prática educativa: como ensinar." Porto Alegre: Artmed, 1998

3 comentários:

catharina disse...

ESTOU GOSTANDO E MEAPROVEITANDO MUITO DE VC...SOU PROF DE ARTE EM BUSCA...

CATHÁGUIA disse...

http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=554

CATHÁGUIA disse...

C ME DIZ DESTA CRÍTICA A ARTE CONTEMPORANE A NO DIGESTIVO CULTURAL?