Sobre mistura de cores (ed. artística):
http://www.complex-x.net/teoria/aber_main.htm
Assuntos diversos para pesquisa escolar:
http://www.netprof.pt/HomeNetProf.htm
Cor luz/física:
http://www.netprof.pt/fisica_quimica/4_quimica_temas_luzcorobjectos.htm
http://users.sti.com.br/mvalim/imagem.htm
Cor luz (excelente)
http://www.fisica.ufc.br/coresluz.htm
Cromoterapia e psicologia das cores:
http://www.artecor.com.br/Informativo/contra.htm
Empresa de consultoria:
http://www.cordesign.com.br
Pigmentos naturais:
http://www.netprof.pt/HomeNetProf.htm
Teoria das cores / colorimetria / informática:
http://www.inf.puc-rio.br/~bacellar/index_port.htm (NOVO)
Decoração / uso da cor na pintura residencial:
http://www.alba.com.ar/uso_c.html (NOVO)
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Sobre mistura de cores (ed. artística):
http://www.complex-x.net/teoria/aber_main.htm
Assuntos diversos para pesquisa escolar:
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Cor luz/física:
http://www.netprof.pt/fisica_quimica/4_quimica_temas_luzcorobjectos.htm
http://users.sti.com.br/mvalim/imagem.htm
Cor luz (excelente)
http://www.fisica.ufc.br/coresluz.htm
Cromoterapia e psicologia das cores:
http://www.artecor.com.br/Informativo/contra.htm
Empresa de consultoria:
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Pigmentos naturais:
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Teoria das cores / colorimetria / informática:
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Decoração / uso da cor na pintura residencial:
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A canção da derrota da alma - Fernando César
Todos os desenhos da revolução
São feitos com pincéis
E penas da liberdade
Que foram arrancadas das asas
Da águia americana
Que fica na cartola do tio Sam
Qualquer coisa que vale a pena
Todo momento descrito
Em pinturas poéticas
Pós-apocalíticas
Todas bem resumidas e catalogadas
Sendo enviadas em flechas apontadas
Para as costas da alma
Chegando sem aviso prévio
Após o telefonema do inconsciente
Viva o eu da individualidade
Pois a revolução começa comigo
E para derrubar barreiras
dir. aut. lei nº9610 de 19.02.98
18 anos - Fernando César
Em que sou prisioneiro da liberdade
Liberdade de ser quem sou
Liberdade de ser descontente
Com esta liberdade latente
Que vive em mim todo o tempo
Sinto falta de poder chorar
Mas que graça tem
Se posso fazê-lo a hora que quizer
Sinto falta de um abraço
Verdadeiro, amigo
Já que estou só
Sinto falta da vida
Não sinto ânimo de ser quem eu era
Sinto falta do meu pessimismo
De xingar o mundo
E tratar tudo como supérfluo
Sinto falta de tanta coisa
Que acho que sinto falta de mim
dir. aut. lei nº9610 de 19.02.98
5 segundos de uma eternidade- Fernando César
-Olá!-ele disse,
enquanto pensava:
-Nada como um dia após o outro e você para sempre.
Sua vida era um tormento;
nada dava muito certo.
Seu passado era esquisito;
seu futuro, bem, incerto.
Irritava até seus pais.
E em seu coração só procurava paz,
e quem sabe, um colo para descansar.
Que naquela menina achava que ia encontrar.
A paz de se sacrificar,
por amor.
Perdido em seu lamento,
já sente saudade nestes cinco segundos de pensamentos;
que parece uma eternidade,
lembrou-se até de um poema
que fez à mesma.
Enquanto estudava sobre Atenas
e aquela menina voltou à cabeça.
Sabia, que seu destino não era estar
Com todas as meninas do mundo,
mas sim, com aquela,
que o única coisa que sentia por ele,
era pena.
"Me dê um beijo apenas
De piedade, que seja
Cerro meus olhos por todas as vezes que seu olhar
Ceifou minha vida
Me dê um beijo apenas
De piedade, que seja
Nem a conheço
Mas sempre a vejo
Em sonhos
Promessa de esperança
Pois, meu coração-criança
Já está cansado
De procurar e não ser recompensado
Me dê um beijo, apenas
De piedade, que seja
Já sinto saudades
De tempos idos
Que não vivemos
E talvez nunca vivamos
Me dê um beijo apenas
De adeus;
E que assim seja"
E agora, é o que mais deseja
Cortejá-la, cantando Legião
Ao pé de seu ouvido
Fazendo carinho em seu ego
Enquanto pede afago
No sossego da tarde
Para se lembrar
De mais um momento de felicidade
Mas, a vida não é só paixão
E pensou, revoltado consigo mesmo:
"Minha vida é solidão
Sou dependente da paixão
É como droga, se tornou obrigação
Por isso, sofro; sofro muito
Minha vida é vazia
Porém, há momentos que se completa sozinha
Queria ser normal
Mas não consigo
Não seria natural
Não tento conquistar ninguém
Minha timidez não deixa
Mas, sou assim
Tento falar de mim e não consigo
Quero alguém que me complete
Enquanto isso, vida minha, eu apodreço
Mas; vivo, vivo, vivo...
Cinco segundos em pensamentos diversos
Os lamentos se tornaram versos
Já sente saudades
Nestes cinco segundos de pensamentos
Parece uma eternidade
E ela lhe responde:
-Oi!
Com um sorriso maroto
Novamente, aquele garoto
Se perde em pensamentos
Que quando começa
A primeira frase lhe vem
Como bem lhe convém
"Só prometo amá-la até amanhã de manhã
-Como dizia aquela música do Titã-
E talvez Deus me permita
Lhe dizer isso todos os dias."dir. aut. lei nº9610 de 19.02.98
A amizade - Fernando César Oliveira de Carvalho
A amizade é como o trigo
Balança com os ventos adversos
Mas nunca caem
A amizade é como a religião
Podem pregar o que quiser
Porque o que mantém vivo é a fé
A amizade é como o cão
Que late à noite
Mas para proteger quem ama
A amizade é como o amor
Vem de repente
Transforma tudo e permanece
A amizade é como Deus
Poucos viram de verdade
Mas quem vê
dir. aut. lei nº9610 de 19.02.98
O MANIFESTO DE UM REVOLTADO DESCARTÁVEL - Por: Fernando César Oliveira de Carvalho
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É engraçado.
O diferente nasceu para ser descartado. Enquanto o normal é apenas cômodo e aceito. Por isso, procuro ser diferente. Eu sou diferente. Incomodado, revoltado e indignado.
Não uso somente a inteligência que tenho; mas toda que eu puder tomar emprestado. E já que penso, logo me engano.
Quando somos crianças, somos induzidos a nos passar por otários. Em meio a tantas festas de aniversário. Somos comprados com brinquedos e mimos, para sermos rapazinhos educados.
Muito bem educados.
Por uma família insatisfeita e desestruturada e, por um sistema de ensino deficiente. Somos comprados a todo momento, para que não nos tornemos adolescentes rebeldes. Para que possamos aceitar a hipocrisia e a mentira. Para que possamos engolir as coisas à seco.
Mais um trago. Mais um gole.
Procurei meu caminho desde cedo. Trilhei caminhos cheios de pedras e encruzilhadas.
Apesar de ter tomado caminhos alternativos, saí-me bem.
E por onde eu passei, muitas pessoas fizeram o sinal da cruz e declamaram orações por minha alma.
Tolos! Tolos incompreensíveis.
Eu sou somente o que sempre fui. Eu sou o filho do Senhor. Sou filho do Fogo e da Terra. Filho da Lua e do Sol. Como você, sou filho de Deus. Ele me fez assim.
Tolos!
O que faço a ti para ser rejeitado assim? É querer demais ser respeitado?
Mais um trago. Mais um gole.
Ahhhh! Gostos amargos percorrem minha língua. Sentimentos frios percorrem a minha alma!
Antes, cheguei a impor às pessoas, as minhas opiniões sobre a vida, o mundo ou sobre outras coisas banais; até mesmo sobre o amor.
O amor me faz lembrar de muitas palavras belas e doces. Muitas delas, sem sentido algum.
Ah, o amor! O amor! Sentimento inebriante, cego e, totalmente inexistente.
Quanto vale cinco minutos de sua vida? Esse é valor do amor verdadeiro, aquele que está extinto a tanto tempo. Acha pouco? Cinco minutos da minha vida são tão inestimáveis quanto uma hora; um dia; ou cinco anos da sua.
Por que o amor se esgotou? Talvez porque, o homem ignora a existência de Deus. Não existe mais. Não existe mais nada. As pessoas quando amam; amam seu carro, sua casa ou qualquer coisa de valor mundano. Ou pior, amam o que é dos outros.
Me dê seu talão de cheques; preciso ir ao banheiro. Me dê seu colar de brilhantes, eu o trocarei por um abraço de uma criança. Talvez o único abraço sincero que posso ter.
Queria ser pai.
Gostaria de saber o por que de sermos todos assassinos. Gostaria de saber por que termos que matar as crianças que fomos por uma vida adulta; para podermos brincar de papai e mamãe.
Será que todo amor incondicional e desapegado é moralmente errado? Por que não posso amar, sem trazer algum tipo de constrangimento ao alvo de meu amor?
Eu entendo que, todos são reflexos de um imenso espelho, vivendo em hibernação até descobrirem que estão perdendo sua vida a troco de nada. Entendo que, as pessoas se espelham em outros reflexos; “ótimas” figuras e pessoas de nossa rica cultura televisiva.
Mas será que o reflexo do vazio e inexistente tem imagem?
Ser romântico é piegas.
Queria ser como Roberto Carlos disse; um amante-amigo, eterno namorado de alguém que não me peça nada. Fazer por prazer, ou por fazer. Quero sim, mandar flores e fazer serenata, sem ser alvo de piadas e panelas de água fria, disparadas da boca e das mãos, que desejei tocar. Queria fazer amor com meu coração, e não simplesmente, com a minha genitália. Queria sentir outro coração bater no mesmo compasso do meu; senti-lo em meu recostado em meu peito. Queria ver o Sol nascer, e com cabelos para acariciar. Queria, queria, queria. Fico desejando coisas que não mais existem ou ninguém deseja. Queria ser eu mesmo, e ainda assim, ser amado.
Só desejo olhar nos olhos e não ver que, os olhares que cruzam com o meu são de pena. Não sou digno de pena. Sou uma alma livre; livre como os pássaros. Aqueles que voam tão alto no céu, para serem alvejados pela inveja humana, em forma de pequenas pedras.
A liberdade é incompreendida. Quem voa com as asas da liberdade, não voa para um final feliz.
Aceitei meu destino. Quero voar livre e fugir das pedras. Quero um abraço.
Agora que, julgo as pessoas por suas ações; eu que sou o julgado. A todo momento sou julgado. Muitas vezes, por coisas que não fiz.
Deixar de cometer erros está fora do alcance do homem. Entretanto, de seus enganos o sábio e o homem racional adquirem experiência para o futuro. O único homem que não comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenho medo de errar, pois sempre aprendo a não cometer duas vezes o mesmo erro. Afinal, errar é humano, mas, quando a borracha que gasta mais depressa que o lápis; estamos, logicamente, exagerando.
Deve estar pensando que eu falo sobre mim. Está com a razão; mas, não conhece a verdade sobre o que penso. Também falo de ti. Afinal, somos todos iguais; sou como você. Ou será que não vê?
Não me esqueço que sempre aprendo, quando eu ouço. E apesar de, passar a maior parte do meu tempo falando; muitas coisas escuto e guardo para mim.
Quando me encontro e me perco, em minhas ponderações e pensamentos vagos, me perguntam se eu vejo o que me tornei. Sei que me tornei repetitivo; mas, é que sou tão rebelde que não correspondo nem sequer as minhas próprias expectativas.
Lembro-me do começo de minha adolescência. Era engraçado me ver segurando um boneco ou carrinho, enquanto no canto da minha boca seca, jazia um cigarro apagado.
Hoje, meu cinzeiro vive cheio de bitucas, cheias de pensamentos e lamentos.
Sempre me intriguei com as sensações de um baseado recém-tragado ou com o ardor na minha garganta, provocado por um pigarro insistente.
Todos os gases e vapores da cidade me impressionam. Acho as estrelas tão belas, quando não as vejo, por causa da poluição.
Lembro-me muito bem, de meu primeiro psicólogo; a primeira vez a gente nunca esquece.
Meus pais me achavam muito rebelde. Não me lembro o que falei a ele naquele dia. Lembro-me de ter batido em alguém, ou ter quebrado alguma vidraça.
Lembro-me, também que, estava frio e que no consultório tinha gostosas bolachas salgadas. Sempre aproveite quando é de graça, diria um velho amigo; em tal situação.
Meus pais, provavelmente, escutaram o que eu sempre soube.
Eu era alguém que precisava de mais atenção. Era isso que eu buscava; carinho. Quem não o quer? Quem não o merece?
Sei também, que, tenho o temperamento difícil. Mas, se sou assim, é porque não gosto do comodismo; não faço nada por simples e puro modismo.
Acredito no Eu.
Não que eu não acredite
E soma-se isso, às novas drogas contemporâneas que, entorpecem nossos sentidos e nos fazem ficar cegos ao que nos ocorre.
O futebol, o fascínio pela imagem, entre outras coisas menores estão no mundo para fazer-nos esquecer de nossos problemas; nem que seja por noventa minutos.
Não precisa ser químico ou tragável e inalável para ser alucinógeno.
Acho estranho o fato de que toda vez que entro em uma igreja, eu seja tão observado. Sei que, as pessoas não vão lá movidas pela fé; ou o que seja. Vejo que, na grande maioria, vão para ter assunto, para discutir em suas mesas de jantar, enquanto fazem suas refeições rápidas e sem gosto, durante a semana; sobre como fulana ou fulano estava vestido ou até para ver aquela gatinha que vai aos domingos levar sua avó para a missa, culto ou sabe-se lá como chamam aquilo.
Pessoas brilhantes falam sobre idéias. Pessoas medíocres falam sobre coisas. Pessoas pequenas falam sobre outras pessoas. Grande verdade. Uma língua afiada é a única ferramenta cortante que se amola com o uso. É sim.
Não agüento essa minha sensação de inutilidade.
Gosto muito de me ver cercado por muitas pessoas.
Venham todos, sentem-se conosco em torno da fogueira. Temos pouco para oferecer, mas, podemos muito bem dividir nosso vinho e nossas batatas. Seja bem-vindo; do itashimashite!
Pegue o nosso violão e divida conosco suas canções.
Temos sempre muitas histórias para contar, afinal, damos muito valor a acontecimentos inesperados.
Nada é descartável. De descartável já me basta, eu próprio e a garrafa de refrigerante, cheia de vinho barato.
Como dizia o poeta, desenho não é rabisco. Vamos falar sobre o que nos é palpável. Grande sábio foi Sócrates; pois, ele sabia que a verdadeira sabedoria não se encontrava nos livros, e sim nas pessoas e suas vidas. Vidas que se tornariam, se tornaram ou vão se tornar tais livros.
O mundo é tão extenso. Tão vasto.
E o homem, em sua incessante busca pelo conhecimento, invade novas terras. Terras distantes e vazias. Inocentes, pensam que já conhecem tudo sobre o lugar em que vivem, apesar de, todos os dias descobrirem coisas novas.
Coisas e fatos fascinantes, mudando nosso rumo nesta vida. A ignorância não mata, mas faz suar um bocado.
Sabe? Sinto-me imprestável.
Sou apenas um homem de plástico, feito para ser inquebrável. Para conseguir viver em meio às engrenagens nessa grande máquina incontestável.
Acho cômico; tenho sempre uma longa e descontraída gargalhada, para aqueles pomposos e gordos senhores, jogando dominó e bebendo cerveja em algum bar; em algum lugar;
I’m smoke one cigarrete; ou fumo um charuto para conseguir beber uma pinga. Para mim, tanto faz.
Eles se mantêm, ali, bebendo e mantendo seus imensos barrigões; onde apoiam suas mãos e braços leprosos, com o corpo devidamente sustentado pelas suas canelas secas.
Talvez, por se preocuparem demais com seus umbigos estufados; não enxerguem que sempre estão cercados de meninos, que só esperam mais um espetinho mendigado.
Meninos barrigudos também; não porque regam suas frustrações com cerveja ou as alimentam com churrasco; mas, porque têm que conviver com a falta de coisas básicas e com as suas barrigas-d’água.
Desnutrição e indignação sempre caminham juntas, de mãos dadas, não dificilmente ditas juntas. São tão bonitinhas, até rimam, não é verdade?
Talvez, seja um ótimo início de um longo e belo discurso político. Ou não.
Políticos, políticos.
Sempre tão cheios de si; donos de muitas caras e bocas. Sejam eles, da causa operária ou da calça de cetim. Têm sempre razão.
Todos vivem de esperança. Elegidos ou eleitores.
Esperança de convencer e vencer de um lado do palanque; esperança de conseguir acreditar e acertar, depois de muitas tentativas do outro.
Milhares de sorrisos. Estão sempre sorridentes, apesar de tantas promessas quebradas e da total falta de forças para continuar.
Mas hoje, tem show daquele artista famoso; promovendo aquele candidato simpático.
O sonho acabou.
Eu sinto sua voz a ponto de explodir em sua garganta, na forma de um poderoso grito: Cale a boca!
Sente-se queimar em ódio? Cansado de minha incessante repetição de assuntos? Cansado da minha voz?
Por quê? Pelo fato de estar escutando isso tudo de um negro? Ou por eu ser um mulato? Por eu ser branco talvez? Diga-me! Anda, diga-me!
Faça um favor a sim mesmo, cometa suicídio. Se jogue do andar mais alto de um dos seus edifícios.
Assalto à mão armada, quero sua vida. Eu quero ver você no chão. Pisar nas flores, destruir/construir estacionamentos. As crianças vão Ter que brincar num labirinto de cimento. Eu quero acidentes, eu quero confusão.
Eu adoro Renato Russo.
Incomoda-lhe a imensidão de sua incompetência e mediocridade. Sente-se vazio.
Esconde-se de si mesmo, o tempo todo. Gritando; fazendo-se ouvido. Transferindo toda sua culpa e raiva. Seja pelo seu casamento frustrado, pelo seu filho mimado ou sua incapacidade de conduzir sua própria vida. Prefere transferir seus problemas para o primeiro pobre coitado que aparecer em sua frente.
Sei até que prefere aqueles que, com seu suor, sustentam sua vida de decepção; enquanto você fica aí se lamentando e reclamando.
Prefere aqueles que acordam, todos os dias pela manhã, vê o Sol surgir para um novo dia enquanto já caminha, indo ao trabalho que não lhe traz nenhuma satisfação; seja aquele que carrega nas costas, uma enxada; ou aquele que já está acostumado com o ônibus lotado que pega todos os dias.
As mesmas caras, o mesmo horário. Preocupando-se com horários a cumprir, com os problemas que não são seus; mas que ele faz questão de tomá-los para ele, só para lhe garantir o pão-nosso de cada dia. Recebe um miserável salário, ou a já esperada notícia que seus serviços não são necessários. E não se acha merecedor de “tanto”.
Contratam alguém mais jovem para seu cargo. O filho de outra família sem sustento. Pois, outro como você, preferiu um jovem recém formado, a um velho experiente; mas que não conseguiu terminar a oitava série.
Pagam-lhe menos; ou o mais provável, muito menos; e ao ver seu velho pai, como tantos outros, desempregado e desesperado, à procura de outro emprego; se vê na obrigação de sustentar sua casa.
A casa de seu pai.
Casa com memórias felizes. Que outrora, foi palco de momentos inesquecíveis, como o dia em que ganhou o brinquedo que tanto desejou; ou a festa de debutante, da irmã mais nova. E agora, tudo depende dele.
Talvez, sonhasse em ser soldado; em se alistar. Ou quem sabe, um grande médico. Mas, ele tem que ajudar seu pai. Ele deve isso a ele. E sente tanta pena do olhar triste e cansado de seu pai; tanta pena. E uma imensa vontade de lhe dar colo. Mas, jamais ofenderia seu herói, oferecendo-lhe tal coisa.
Vamos deixar como está.
Tudo isso para quê? Para que você possa sustentar a tua imensa pança com churrasco e cerveja, com seus amigos, próximo de sua nova piscina.
Mas, tudo bem! Tudo bem! Não se preocupe, você e todos seus amigos vão se encontrar em palácios com lindos e suntuosos jardins, entediados com tantas contas e pesagens de seu precioso ouro; NO INFERNO!
Sim, no Inferno, oras bolas! Ou acredita que será recebido com fogo e danação?
O Inferno sempre recebe bem seus ilustres convidados.
A cobiça é um dos grandes pecados da humanidade. Faz uns matarem os outros, mas não tem problema não; vou à igreja me confessar no Domingo, rezo umas trocentas ave-marias e pronto! Não sou mais um pecador. As cabeças que rolaram pelo fio de minhas espadas serão pagas, pelo Senhor às famílias.
Tudo funciona como um grande círculo vicioso. Os senhores feudais contemporâneos – se me permitem assim chamá-los – criam os desempregados e aposentados infelizes; que criaram e fazem jovens se tornarem responsáveis e austeros, que indignados, se rebelam contra o sistema, e sua grande máquina; que causam desconforto nos grandes manipuladores, o topo da cadeia; criando uma desestruturação social e desestabilidade econômica; que afeta seu bolso; afetando seu casamento de aparências; que para poupar seus filhos, priva-os do mundo para não sofrerem como os filhos de seus subordinados; fazendo neles uma lavagem cerebral e criando pequenos monstros vazios, fúteis e cheios de si.
Sinto nojo de seres humanos, ao sair à rua e ter que conviver com tais pessoas. Sinto raiva do mundo. Pois, a neutralidade é a desculpa da ignorância.
Meu ódio não se direciona unicamente a sistemas econômicos, como já o fiz. Capitalismo, socialismo, o raio-que-o-parta, tanto faz. São eles que criam nomes para esses conjuntos de idéias. Elas que comandam e organizam o caos. São elas que fazem o mundo como ele é.
Esse enorme caos é apenas um sinal que algo grande está para acontecer.
Sinto-me enojado porque, temo por mim. Temo pela idéia de ser potencialmente suscetível a agir como essas pessoas algum dia. Por orgulho; por bem próprio, ou comum. Seja, para ajudar o próximo ou algum privilegiado, que considero como um dos meus.
Mas, sempre vejo que, os auto-intitulados “altruístas”, são os piores. Usam da síndrome de Robin Hood às avessas: tiram dos ricos para dar a si mesmos. Achando-se no direito de tirar de quem nos tira, só porque acham “justo”.
Idiotas! Mil vezes, idiotas!
Mas, eu sei, toda regra têm sua exceção. Sinto-me abençoado, quando me vejo cercado por aqueles que deixei se aproximarem de mim. E são tão pecadores quanto eu, ou você. Eles sempre me têm sorrisos e piadinhas quando preciso; e sempre escutam todas as minhas teorias malucas. Não é à toa que, os melhores discursos são feitos por aqueles que sabem escutar.
Tenho um enorme medo de estar errado. Tanto medo.
Eles são meu objetivo de realização humana. Se um dia, eu tiver cada uma das qualidades singulares que eu vejo em cada um; serei o melhor dos seres humanos.
Com toda certeza.
Gosto das pessoas, que, como eu, se preocupam em ser; e não simplesmente, existir.
Querem todos deixar seus nomes escritos no grande livro do mundo. Mesmo que, sejam lembrados por poucos.
Também quero ser assim. Quero ser, quero ser.
Não importa se eu fumo, bebo ou curto algum tipo de droga. Se meu nome aparecer em letras grandes e douradas nos livros de meus netos; só terão belas palavras sobre mim.
Memórias póstumas são sempre maravilhosas. Maravilhosas e cínicas.
E todos se lembrarão, das palavras de minha carta de despedida como palavras de um revoltado. Um revoltado
Todo rebelde tem alguma razão. Mesmo que ele próprio não a conheça.
Serei lembrado como alguém forjado a ferro e fogo e pronto para ser mártir. Todo mártir é rebelde. Talvez, de minha carta saia um ditado ou dois.
Me tornaria inspiração artística. Para ser sempre lembrado. Qual é a pessoa que não sonha com a eternidade?
Mas, a eternidade é tão curta para alguns.
Quem sabe, se não serei lembrado por ser um hippie doidão; ou um punk desvairado?
Só peço que não manchem minha imagem, se lembrando de mim como um yuppie; um yuppie não.
Ou talvez, até seja lembrado como um ícone de uma causa maior.
Da luta da sabedoria contra o vazio humano.
Da luta da compreensão contra a sua total ausência.
Da tolerância contra a desigualdade e estupidez.
Ou, sei lá; a luta a favor da luta, simplesmente.
Já sentiria-me satisfeito ao ser lembrado como alguém que não gosta de se calar. Quem se cala – por medo ou qualquer outro motivo – se torna um comparsa.
Eu grito, grito e grito. Ninguém me escuta. Já estou rouco. Mas, não desisto. Desistência é para os fracos. E o meu murmúrio rouco há de ser ouvido. Há de se juntar a outros murmúrios, que clamam liberdade.
Para assim, se tornarem um grito único.
Talvez seja, um grito inaudível e indecifrável. Mas, gritarei com todas as minhas forças. Gritarei até meus pulmões estourarem.
Quero que, os que se tornaram cegos e surdos pela cobiça e mediocridade, nos vejam e nos ouçam. Talvez nos vejam, talvez nos ouçam. Ou talvez não. Talvez, continuem fechados em seus pequenos mundos. Como autistas, auto-impostos.
Ainda se irrita com a minha voz? Sou um vagabundo? É o que pensa sobre mim?
Se todo pintor que, de suas mãos macias saem imagens de muitos outros mundos, que se encontram em nosso próprio, é vagabundo;
se todo cantor que, de sua voz aveludada e doce, saem estórias e histórias, lições e coisas belas, é vagabundo;
se todo poeta, em seus quebra-cabeças de palavras e idéias, dando cor e forma à simples letras, é vagabundo;
eu realmente o sou.
Eu sou vagabundo; sou, sim senhor!
O poeta sempre é malandro, o poeta é sempre malandro.
E todo revoltado é sempre vagabundo. Vagabundo e descartável.
Meu amor e meu ar se foram. Meu amor se foi!
Praguejando-me porque, minha inocência impossibilita-a de ver-me como homem. Procura um homem?
Sim, procure-o. Certifico-lhe que encontrará.
Um ser capaz de amar-te e fazer-te feliz, feliz!
Mas, quando voltar, estarei aqui. Para ti e para mim.
Desça do pedestal que construi para ti; sem ajuda, sem meu calço.
Mas serei teu, enquanto o ar penetrar minhas narinas, até o sopro de minha vida se for.
Beijo teus lábios à distância; quando a mim você vem.
Venha morte; venha a mim, que eu a abraço.
Não me abandone mais; tire-me desse mundo à qual não pertenço. Deste que, nunca fiz parte.
Meu amor é puro; e você não o quer. Prefere entregá-lo ao mundo; prefere ver-me contaminado. Mas, porque sabe que mesmo que fuja, a teus braços, o retorno é garantido.
Chame-me pelo nome; mas não meu primeiro, ou segundo nome que por meus pais, foi-me dado. Chame-me pelo nome que criei e recriei, ao meu bel prazer. Cujo não ouso dizer. Aquele que só tu, conhece as letras que o formam. Pois, ele pertence tanto a você, quanto a mim.
E, quando me chamar, grite alto. Tão alto quanto puder, e para que eu somente escute.
Quero-te, neste momento, como um amante abraçar-te. Que saudades, que saudades!
Deixe-me olhar, apenas uma vez para trás. Uma única e ligeira vez. Quero ser inundado de lembranças e, me afogar
Por favor.
E para que você, minha amada; finalmente, feche a porta!
Feche a porta, meu amor.
Pois, este mundo não me aceita e a ele não pertenço.
Para eles, que lá estão, não passo de vagabundo e descartável.
Descartável.
dir. aut. lei nº9610 de 19.02.98